sábado, 31 de maio de 2014

LIVRO VIRTUAL


     Este é mais um projeto de leitura virtual da terapeuta e escritora Cláudia Luiza.  
"Deguste-o e Bom Apetite!"
      Clique nas páginas ao lado para saborear  cada capítulo (menu) dentre outras guloseimas  deste livro.
    Além de se deliciar com o menu deste livro, você poderá contribuir com o trabalho de instituições filantrópicas que ajudam a nutrir a alma de muita gente.



VIVER

TERMINEI UM LIVRO, MAS INICIO UMA NOVA HISTÓRIA RECHEADA DE ESTÓRIAS PARA CONTAR"


RECEITA FINAL


VIVER



         Esta é a melhor receita, pois envolve todas as anteriores para que possa se tornar um prato saboroso e nutritivo. Não desejo agora falar de custos, tira gostos, ingredientes, preparo ou sobremesas. Desejo, sem regras culinárias, sugerir o prato que a alma necessita para se exercer. A vida dá à alma a oportunidade de expandir-se e a alma dá à vida a oportunidade de ser criada e vivida. Desperdiçá-la é um pecado contra a nossa própria existência e saber aproveitá-la é pura sabedoria. Sendo assim, não desperdice nenhum ingrediente que lhe sugeri a cada receita deste livro. Se a vida estiver ruim, é porque você não está sabendo preparar seu próprio alimento. Não há como a vida ser, antes de ser preparada por nós mesmos. Condicionado à matéria, o ser humano confunde vida boa com ter posses materiais. Todavia, uma boa vida está calcada na posse que devemos ter de nós mesmos e de todos os bons sentimentos. E sentimentos não estão à venda, não são necessariamente propriedade apenas dos donos do capital; sentimento é a essência presente em cada alma. Sinta o aroma dos seus. Cheiro fétido indica ingestão de alimentos estragados, que intoxicam a alma. Tome cuidado porque eles, além de adoecê-lo, matam-no devagarzinho ou abruptamente.
         Eu ainda hei de falar dos venenos que intoxicam nossa alma, mas preferi primeiro falar do elixir para uma vida saudável e eterna. Não torne sua vida difícil, alimentando-se da falsa e comodista crença de já tê-la recebido pronta na bandeja. Dê-se ao trabalho de construí-la e reconstruí-la dia após dia. Não crie um Deus responsável por tudo aquilo que cabe a você responsabilizar-se. A sua responsabilidade é criar um mundo melhor para si mesmo e para o próximo. Desapegue-se do antigo discurso: — Se Deus quiser! Queira você mesmo fazer o que precisa ser feito. E o que precisa ser feito? Você sabe. Não ignore este saber, fazendo perguntas idiotas para passar o tempo. Viva seu tempo, construindo soluções para qualquer pergunta que vier a fazer. Se a solução for boa ou má, a própria vida lhe dirá.
         Ao final deste livro, espero que possa saborear cada vez mais cada receita, e mais precisamente a sua própria vida. Não tome os dissabores da vida do outro para si. O máximo que poderá fazer é oferecer ao próximo a sua fartura e, quem sabe, aquela receita especial, bem sua, que possa temperar ou adoçar uma vida amarga. Lembre-se também que há gosto para tudo, até mesmo para sabores azedos e amargos. Há quem reclame do amargo, e se delicie secretamente com o mesmo. Sendo assim, fique atento ao coitadinho que existe fora e dentro de você. Mate o coitado de inanição e alimente o ser ativo e consciente. A sua consciência é quem determinará a hora da próxima refeição e o prato a ser servido.
         Faça a sua parte para que possamos construir um todo harmônico. Nesta vida, eu não fiz ainda a minha parte. Só fiz uma pequena parte do que sinto ser ainda capaz de fazer. Desejo fazer muito mais. Desconheço todas as regras de nossa complicada língua portuguesa. Desconheço os padrões exigidos para se criar uma estória ou uma poesia. Aliás, a minhas queridas filhas vivem chamando a minha atenção: — Mamãe, estória não se escreve com “e”, escreve-se com “h”. Sabe o que respondo?
— Sei que estas regras gramaticais foram mudadas, mas as estórias criadas pelo meu coração serão sempre escritas com “e,” e a criada pela vida, pelo destino, com “h”. Percebo uma diferença muito grande entre elas. Norteada por estas diferenças, posso escrever uma estória da nossa história. Posso transformar uma dura história numa estória recheada de fantasias.
         Sei que desconheço uma grande parte das regras gramaticais. No entanto, não usei meu desconhecimento para fugir da responsabilidade de criar algo que acredito ser transformador. Criei as minhas próprias regras para compor, de uma forma simples e divertida, o sonho de ajudar a construir um mundo mais digno de ser vivido. Elas se baseiam nos meus sentimentos e não na sintaxe. Os críticos letrados que me perdoem. Não me sinto culpada por ter criado uma didática nova. Não sei se é boa ou má. Só sei que é minha. Dou-me também o direito de dividir esta responsabilidade com meus anjinhos. Eles nunca me contaram o grau de instrução que possuem. Nem sei se falam a nossa língua. Parece que falam uma língua universal e foram  instruídos a instruir-me. Eu fui instruída a instruir cada um de vocês. Que vocês estejam sendo instruídos a instruir cada um de nós. Com tanta instrução, talvez possamos criar um curso destinado a todos. Que nome daremos a ele? “Curso Vida” cai bem. Saiba que no decurso da vida, com ou sem recurso, só receberá o diploma aquele que viver.



        




“E ASSIM, COMEÇA UMA NOVA HISTÓRIA RECHEADA DE ESTÓRIAS PARA CONTAR”...









 TERMINEI UM LIVRO, MAS CONTINUO COM MINHAS AÇÕES ESCREVENDO UMA OUTRA HISTÓRIA: A NOSSA HISTÓRIA”




RECEITA FINAL



VIVER



         Esta é a melhor receita, pois envolve todas as anteriores para que possa se tornar um prato saboroso e nutritivo. Não desejo agora, falar de custos, tira gostos, ingredientes, preparo ou sobremesas. Desejo sem regras culinárias sugerir o prato que a alma necessita para se exercer. A vida dá à alma a oportunidade de expandir-se e a alma dá à vida a oportunidade de ser criada e vivida. Desperdiçá-la é um pecado contra a nossa própria existência e saber aproveitá-la é pura sabedoria. Sendo assim, não desperdice nenhum ingrediente que lhe sugeri a cada receita deste livro. Se a vida estiver ruim é porque você não está sabendo preparar seu próprio alimento. Não há como a vida ser, antes de ser preparada por nós mesmos. Condicionado à matéria, o ser humano confunde vida boa com ter posses materiais. Todavia, uma boa vida está calcada na posse que devemos ter de nós mesmos e de todos os bons sentimentos. E, sentimentos não estão à venda, não são necessariamente propriedade apenas dos donos do capital; sentimento é a essência presente em cada alma. Sinta o aroma dos seus. Aroma fétido indica ingestão de alimentos estragados que intoxicam a alma. Tome cuidado porque eles além de adoecê-lo, matam-no devagarzinho ou abruptamente.
         Eu ainda hei de falar dos venenos que intoxicam nossa alma, mas preferi primeiro falar do elixir para uma vida saudável e eterna. Não torne sua vida difícil alimentando-se da falsa e comodista crença de já tê-la recebido pronta na bandeja. Dê-se ao trabalho de construí-la e reconstruí-la dia após dia. Não crie um Deus responsável por tudo aquilo que cabe a você responsabilizar-se. A sua responsabilidade é criar um mundo melhor para si mesmo e para o próximo. Desapegue-se do antigo discurso: — Se Deus quiser! Queira você mesmo fazer o que precisa ser feito. E o que precisa ser feito? Você sabe. Não ignore este saber fazendo perguntas idiotas para passar o tempo. Viva seu tempo construindo soluções para qualquer pergunta que vier a fazer. Se a solução for boa ou má, a própria vida lhe dirá.
         Ao final deste livro, espero que possa saborear cada vez mais cada receita, e mais precisamente a sua própria vida. Não tome os dissabores da vida do outro para si. O máximo que poderá fazer é oferecer ao próximo a sua fartura e quem sabe aquela receita especial, bem sua, que possa temperar ou adoçar uma vida amarga. Lembre-se também que há gosto para tudo, até mesmo para sabores azedos e amargos. Há quem reclame do amargo, e se delicie secretamente com o mesmo. Sendo assim, fique atento ao coitadinho que existe fora e dentro de você. Mate o coitado de inanição e alimente o ser ativo e consciente. A sua consciência é quem determinará a hora da próxima refeição e o prato a ser servido.
         Faça a sua parte para que possamos construir um todo harmônico. Nesta vida, eu não fiz ainda a minha parte. Só fiz uma pequena parte do que sinto ser ainda capaz de fazer. Desejo fazer muito mais. Desconheço todas as regras de nossa complicada língua portuguesa. Desconheço os padrões exigidos para se criar uma estória ou uma poesia. Aliás, a minhas queridas filhas vivem chamando a minha atenção: — Mamãe, estória não se escreve com “e”, escreve-se com “h”. Sabe o que respondo?
— Sei que estas regras gramaticais foram mudadas, mas as estórias criadas pelo meu coração serão sempre escritas com “e” e a criada pela vida, pelo destino, com “h”. Percebo uma diferença muito grande entre elas. Norteada por estas diferenças, posso escrever uma estória da nossa história. Posso transformar uma dura história numa estória recheada de fantasias.
         Sei que desconheço uma grande parte das regras gramaticais, no entanto, não usei meu desconhecimento para fugir da responsabilidade de criar algo que acredito ser transformador. Criei as minhas próprias regras para compor de uma forma simples e divertida, o sonho de ajudar a construir um mundo mais digno de ser vivido. Elas se baseiam nos meus sentimentos e não na sintaxe. Os críticos letrados que me perdoem. Não me sinto culpada por ter criado uma didática nova. Não sei se é boa ou má. Só sei que é minha. Dou-me também o direito de dividir esta responsabilidade com meus anjinhos. Eles nunca me contaram o grau de instrução que possuem. Nem sei se falam a nossa língua. Parece que falam uma língua universal e foram apenas instruídos a instruir-me. Eu fui instruída a instruir cada um de vocês. Que vocês estejam sendo instruídos a instruir cada um de nós. Com tanta instrução talvez possamos criar um curso destinado a todos. Que nome daremos a ele? “Curso Vida” cai bem. Saiba que no decurso da vida, com ou sem recurso, só receberá o diploma aquele que viver.



        




“E ASSIM, COMEÇA UMA NOVA HISTÓRIA RECHEADA DE ESTÓRIAS PARA CONTAR”...

















 

















 











ENTUSIASMO

“QUEM SE ENTUSIASMA, CURA A ASMA QUE SUFOCA A VIDA COM O TÉDIO E COMODISMO, OXIGENANDO-SE COM A DIVINA MISSÃO DE SE CONSTRUIR E AO MUNDO A TODO MOMENTO”



ENTUSIASMO



         O doce entusiasmo cria dentro do seu ser a energia da motivação, tornando-o ativo e transformador.



CUSTO



         Você paga o preço de ser uma pessoa ativa e criadora. Com isto, alguns ambientes mais acomodados estarão à espera de sua chegada para efetuarem qualquer transformação. Você poderá sentir-se, de certa forma, sugado e indignado com a indolência de alguns, mas isto não afetará em nada a sua integridade, pois o investimento no entusiasmo lhe garante tanta energia que precisará, inevitavelmente, investi-la em alguma coisa e em algum lugar.



TIRA GOSTO



FAÇA


FAÇA
DA REALIDADE ÁRIDA
UM FÉRTIL MOTIVO
PARA TORNÁ-LO ATIVO,
CONSTRUINDO ONDE NADA TEM
O TUDO QUE SE DESEJA.


FAÇA
DO SEU OLHAR
UM OLHAR ALÉM
DAQUILO QUE ENXERGA NO MOMENTO,
PROJETANDO-O À FRENTE
DAS PENÚMBRICAS FRUSTRAÇÕES PRESENTES,
QUE CEGAM OS OLHOS DO ENTUSIASMO



FAÇA
NÃO ESPERE
QUE A VONTADE DIVINA
FAÇA POR VOCÊ
O QUE VOCÊ DEVE
A ELA
E A SI MESMO.



FAÇA
O QUE DEVE SER FEITO.
NÃO DEIXE QUE O NÃO FEITO
FAÇA POR VOCÊ,
OFERECENDO-LHE A FALTA,
FARTURA COLHEITA DA FALTA,
FALTA QUE LHE PREENCHE
COM O NADA
QUE EM TUDO LHE INCOMODA.


FAÇA
O VELÓRIO DO SEU COMODISMO,
O ENTERRO DO SEU PESSIMISMO.
ENLUTADO,
LUTE POR VOCÊ,
VENCENDO O QUE NÃO ÉS,
CONQUISTANDO A VITÓRIA DE SER
UM ENTUSIASTA.



INGREDIENTES



Polpa de otimismo
Semente da positividade
Doce fé



PREPARO



         Aquela deliciosa goiabada é difícil de esquecer. Ao invés de goiabada, lhe ensinarei agora uma entusiasmada. Da mesma forma que precisamos retirar qualquer parte estragada ou os asquerosos bichinhos de goiaba para preparar uma caprichosa goiabada, precisamos também, para preparar o delicioso entusiasmo, retirar de nossos miolos todos os pensamentos negativos e pessimistas, aproveitando apenas o nosso lado otimista e positivo. Sendo assim, bata no liquidificador de sua mente, a polpa do otimismo e a semente da positividade, transformando-as num suculento caldo de motivação. Leve este caldo para o taxo da vida, adoce com a fé de que tudo vai dar certo e vá mexendo continuadamente, até chegar no ponto do entusiasmo que você precisa para transformar sua vida numa vida ainda melhor. 



SOBREMESA



MEU SONHO


         Vou contar a vocês um sonho que tive. Lembro-me apenas de um pequeno pedaço onde eu e meu anjo travávamos um interessante diálogo:
— Preciso de um motivo para criar apenas mais uma estória. Falei.
— Que tal se o motivo for a possibilidade de você terminar o seu livro, criando finalmente a última estória do mesmo? Incentivou-me.
— E se inúmeras estórias continuarem a tomar conta de minha cabeça? Toda vez que penso ter terminado meu livro, surgem novas ideias, novas estórias. Parece que as minhas infinitas ideias me impedem terminá-lo. Questionei confusa.
— Talvez exista um motivo maior do que o simples fato de criar um livro. Advertiu-me.
— Que motivo? Perguntei
— Seu entusiasmo. Respondeu.
— Quer dizer que sou um ser entusiasmado?
— Exatamente. Confirmou.
— Mas, o que vem a ser um ser entusiasmado? Preciso entender melhor esta energia que me mantêm conectada e ligada o dia inteiro.
— O ser entusiasmado conquistou a capacidade de transcender o motivo daquilo que faz no momento. Está sempre indo além. Explicou meu anjo.
— O que pode acontecer com um ser assim? Perguntei curiosa.
— Pode ser que não pare nunca. Tudo é motivo para continuar. E, se por algum momento faltar um motivo que o impulsione, ele simplesmente cria a sua própria motivação para jamais parar, continuando sua importante trajetória. Finalizou.

         Não sei porque acordei repentinamente. Só sei que assim que abri meus olhos, vi do lado de minha cabeceira um livro chamado “Cardápio da Alma”, prontinho, no ponto de ser saboreado. Mais um dia se iniciava na minha vida. Levantei-me certa de que o meu café da manhã estaria repleto de guloseimas. O que mais desejo agora é oferecê-las a você e continuar criando novas receitas. Aguarde-me, pois estou convencida de que sou uma boa cozinheira.

domingo, 11 de maio de 2014

CONFIANÇA


“A CONFIANÇA NÃO FAZ DE VOCÊ UM CEGO, MAS UM SER LIVRE DA PARANOIA E DAS VENDAS QUE LHE IMPEDEM ENXERGAR SAÍDAS PARA O DESAGRADÁVEL OBSTÁCULO IMPOSTO PELA TRAIÇÃO E DECEPÇÃO”


CONFIANÇA

            Confiança é um prato que proporciona uma grande força e poder. Encoraja o ser humano a fazer grandes investimentos, que proporcionarão o desenvolvimento de si mesmo e do mundo ao seu redor.



CUSTO


            Você nunca saberá ao certo se um investimento a ser feito num determinado terreno da vida é seguro ou não, mas, nutrindo-se de Confiança, acreditará sempre no êxito do mesmo. Como não existem fiadores para quem tem a arrojada coragem de provar este prato, o maior preço que se paga é o da decepção. É um preço alto, porém justo para quem deseja realmente conhecer o terreno que investe. Pagando o preço justo, você finalmente conquista a dádiva de poder identificar a estrutura do terreno, ou seja, adquire a sábia capacidade e possibilidade de separar o árido do fértil. Depois de conquistada esta sabedoria, com certeza você saberá onde semear a sua semente.



TIRA GOSTO


INOCÊNCIA


INOCÊNCIA CAMINHA ERGUIDA
DE SORRISO ABERTO CUMPRIMENTA O MUNDO,
PERCEBE AS FLORES, O SOL, A LUA, AS ESTRELAS, INCLUSIVE AS        
 PESSOAS
CIENTE DO MUNDO
TEM DEUS DENTRO DE SI
E NÃO TEME NADA.


DESCONFIANÇA SE ARRASTA CABISBAIXA,
SORRISO TRANCADO, FECHADO PARA O MUNDO.
PERCEBE O CHÃO, O CHÃO, O CHÃO, EXCLUSIVAMENTE O CHÃO.
CIENTE DO PERIGO, TEM O DIABO DENTRO DE SI
TEME TUDO E A TODOS.


INOCÊNCIA É TRAÍDA POR MUITOS.
 SABE O QUE É O AMOR, POR ISSO SE RELACIONA.
SABE ATÉ MESMO O QUE É TRAIÇÃO.
INOCÊNCIA, ÀS VEZES, TROPEÇA, CAI
PODE CORRER RISCOS.
TEM FORÇAS PARA SE LEVANTAR, ERGUER-SE.


DESCONFIANÇA NUNCA É TRAÍDA
DESCONHECE O AMOR, NÃO SE RELACIONA.
DESCONHECE A TRAIÇÃO.
DESCONFIANÇA NUNCA TROPEÇA, JAMAIS CAI.
NÃO PODE CORRER RISCOS.
CARECE DE FORÇA POR TER AS PERNAS AMPUTADAS.


INOCÊNCIA TEM CARA DE BOBA
SÓ CARA.
DESCONFIANÇA BANCA A ESPERTA.
SÓ BANCA
SER INOCÊNCIA...
SER DESCONFIANÇA...


PUREZA,
QUALIDADE DA ALMA.
EXPERIÊNCIA,
OFÍCIO DA VIDA.
SER INOCÊNCIA,
CIÊNCIA DOS FORTES.


COM FIANÇA
SE SENTEM SEGUROS.
SEM FIANÇA,
POUCOS SE ARRISCAM
SER DESCONFIANÇA,
GARANTIA PARA OS FRACOS.



INGREDIENTES


Otimismo
Segurança
Coragem


MODO DE PREPARAR



            É mais ou menos parecido com o preparo de uma boa moqueca. Antes de tudo, é necessário pescar o peixe. Não é diferente com a moqueca da Confiança. Pesque as experiências desejadas no seu inconsciente. Tente limpá-las retirando das mesmas tudo aquilo que não tem serventia, ou seja, jogue fora as mágoas, raivas, decepções, medos e inseguranças. Esta limpeza se converterá numa grande transformação. Aquilo que era negativo se transformará em positivo, retirando-se de uma experiência somente o que ela tem de bom. Acredito que você também nunca tenha comido um peixe com tripas, ranços e escamas, do exato modo que ele sai do rio. Transformá-lo em algo comestível é o primeiro passo para quem deseja preparar uma boa moqueca.
            Levando para a superfície de sua mente a consciência de que tudo pode ser transformado a seu favor, você estará eliminando todos os seus ranços e as escamas da vida. Feito isso, é só temperar com bastante otimismo o seu peixe. Leve para a panela a experiência pescada pela vida afora, acrescentando junto coragem e segurança, deixando cozinhar até perceber que está no ponto de ser saboreado.
            OBS: Mesmo com aparência saborosa, só depois de provar a sua moqueca da Confiança, você terá a oportunidade de avaliar a qualidade de seu pescado. Pode ser que descubra muitos espinhos ou que se engasgue com alguns deles. Isto não é motivo para você desistir de preparar novas moquecas. Aproveite esta experiência para aprender, gradativamente,  selecionar o peixe mais indicado para o seu gosto e paladar.



SOBREMESA



CAIXA SURPRESA


            Duas moças receberam um presente anônimo e desconhecido, embalado numa linda caixa caprichosamente decorada com papel laminado dourado e fita de seda vermelha. Cada uma teve uma reação completamente diferente frente o presente recebido.
            Em algum lugar desta vida, a primeira recebeu o presente indignada e, com uma expressão insatisfeita, travou um extenso monólogo consigo mesma:
— Como é que alguém pode oferecer-me um presente sem mandar, junto, um cartão? Isto deve ser uma cilada! Alguém deseja me fazer de boba. Mas se acham que eu vou cair nesta, estão muito enganados. Eu não sou idiota não! De boba eu não tenho nada. Mas o que eu fiz com esta pessoa para ela querer me chatear desta forma?
            Cada vez mais irritada, ela olhava colérica para aquela caixa misteriosa tentando levantar suas suspeitas:
— Quem será que fez isto? Deve ser aquela mulherzinha... Eu sempre desconfiei que ela nunca foi com minha cara. Mas pode ser outra pessoa também...Talvez seja aquele covarde, ele nunca tem coragem de assumir aquilo que faz. Coitado, se pensa que vou cair na dele está muito enganado! Mas, pode não ser ele também...
            Quanto mais suspeitas levantava, mais confusa ficava, até que resolveu questionar o conteúdo daquela caixa:
— E o que deve ter dentro desta caixa? Será coisa boa ou ruim? Se fosse coisa boa, ela jamais precisaria se transformar num presente anônimo. E, depois, quem é que me mandaria um presente agora? Não estou comemorando nada. Com certeza, tem uma coisa muito ruim aí dentro. Tenho que me livrar disto rápido, quem me garante que a intenção do dono deste presente não tenha sido livrar-se de mim?
            Tomada de pânico, gritou de maneira ensurdecedora e histérica:
— Socorro! Socorro! Socorro!
            Neste momento, apareceu a empregada da casa, assustada, perguntando:
— Qual o problema, senhora?
— Jogue esta caixa, agora mesmo, dentro do rio. Com certeza, tem uma bomba aí dentro. Se ela explodir aqui em casa, vamos todos para os ares. Ordenou.
— E se esta bomba explodir na minha mão? Perguntou a empregada, temerosa.
— Ou você leva a caixa ou não precisa voltar aqui nunca mais. Decretou a patroa.
— Eu não vou levar nada, não. Prefiro perder meu emprego à minha vida. Finalizou a empregada, saindo em disparada pela porta, sem jamais retornar novamente àquele serviço.
            A patroa, surpresa com o comportamento da empregada, iniciou novamente seu monólogo paranoico:
— Vai ver que é ela quem colocou esta bomba dentro da caixa. Empregados nunca gostam de patrões. Nunca estão satisfeitos com aquilo que fazemos por eles. Ingratos! E, agora, o que vou fazer? Restou para eu mesma dar fim nesta caixa. O melhor que tenho a fazer é tomar as providências agora, antes que alguma coisa horrível aconteça.
            A moça pegou a caixa com todo cuidado, partiu até o rio mais próximo e do alto de uma ponte jogou-a sobre as águas do mesmo. A correnteza foi levando lentamente aquela bela caixa. Livre de um grave problema que julgava ter nas mãos, a moça contemplava de longe a caixa que navegava suavemente como um barco nas águas daquele rio. Contemplando a tranquilidade daquele momento e a beleza da caixa a deslizar pelo leito daquele imenso rio, foi tomada repentinamente por um novo sentimento, que a fez desencadear um novo discurso:
— E se não for uma bomba? Aliás, não me parece uma bomba mais. Se fosse, já teria explodido. Talvez seja uma linda joia preciosa.
            Naquele momento, a moça teve um enorme desejo de pular dentro daquele rio e resgatar aquela caixa, mas já era tarde demais. E assim passou o restou de sua vida se perguntando:
— O que será que havia dentro daquela caixa?
            As suas perguntas eram sempre seguidas de lamentações:
— Talvez a minha felicidade estivesse dentro dela. O rio levou a minha felicidade embora. Que vida!
            Do outro lado da vida, uma outra moça também recebeu um presente anônimo e desconhecido, numa linda caixa caprichosamente decorada com papel laminado dourado e fita de seda vermelha. Surpresa e feliz, tomou o presente em suas mãos, admirando-o e procurando um cartão que pudesse identificá-lo:
— Acho que esqueceram de deixar o cartão. Se não o tiverem perdido, com certeza ele deve estar dentro da caixa. É pesaroso ter que desmanchar um laço tão lindo e toda a decoração desta caixa, mas já não aguento mais de curiosidade para saber o presente que me aguarda.
            Lentamente ia desatando o laço, desembrulhando a caixa e articulando consigo mesma:
— Quem será que teve a gentileza de me agradar com este presente tão belo? São tantas as pessoas maravilhosas que amo, que fica difícil definir quem teria esta ideia. É numa hora dessas que a gente se toca. Presentear alguém sem um motivo aparente é um evento muito especial. Está sendo para mim e com certeza para quem me mandou este presente. Daqui para frente, ficarei mais atenta no sentido de presentear mais as pessoas que amo.
            Lentamente foi abrindo a caixa e, para sua surpresa, não havia coisa alguma dentro da mesma.
— Engraçado, não há nada aqui dentro. Qual o sentido desta caixa para minha vida? Talvez seja importante pensar sobre isto.
            Passou,alguns minutos pensativa e voltou a se indagar:
— Será que fiquei decepcionada? O que eu gostaria de ter encontrado dentro desta caixa? Talvez, o que eu desejei encontrar aí dentro seja o que eu preciso doar para mim. Se eu coloquei meu desejo aí, preciso tomar consciência dele e realiza-lo ao invés de ficar, simplesmente, esperando ele chegar embrulhado numa caixa surpresa. Talvez eu precise me presentear mais. Que descoberta maravilhosa!
            Aquela descoberta lhe caiu como um presente; o melhor que poderia ganhar naquele momento. Satisfeita continuou se perguntando:
— O que uma caixa fechada nos diz? Esta me disse tantas coisas... Quantas coisas podem existir numa caixa... Fico imaginando que a vida e as pessoas são como caixas fechadas. Nunca sabemos ao certo o que se encontra dentro delas. Criamos tantas expectativas com relação ao ser humano e com relação à vida... Algumas vezes, nos surpreendemos, outras nos frustramos. O importante é ter a coragem de abrirmos sempre a caixa que nos é oferecida. Só depois de aberta, saberemos o que se encontra dentro dela.
            Foi ficando cada vez mais curiosa com relação a uma caixa que mesmo aberta e vazia ainda falava muito coisa. O vazio daquela caixa lhe encheu de perspectivas e mais sabedoria com relação à vida.
— E o que uma caixa aberta nos diz? Ela sempre diz muito mais do que aquilo que conseguimos ver com os nossos olhos. Estar aberto é estar receptivo. Uma caixa aberta é uma caixa receptiva a todos os tipos de questionamentos e indagações. Daqui para frente, serei uma caixa aberta. Estarei receptiva e aberta a oferecer o que se encontra no meu interior. Mesmo que eu não tenha tudo, há muito que oferecer. Nunca esquecerei de abrir o meu sorriso, o meu olhar, os meus braços, enfim a minha vida para quem desejar entrar dentro dela.
            Olhando para o vazio daquela caixa, foi repentinamente tomada por uma grande exaltação:
— Eu estava enganada quanto ao vazio desta caixa. Quem disser que neste vazio não existe nada, estará iludido com as aparências. Dentro deste vazio existe uma das coisas mais importantes desta vida. Dentro deste vazio existe o espaço. E dentro deste espaço, eu posso criar e guardar tantas coisas!
            Pegou a caixa com todo carinho, procurando um lugar bem estratégico em sua casa onde a mesma pudesse ser vista e servir de enfeite. Todas as vezes que algum visitante chegava em sua casa e lançava o olhar naquela caixa, comentava surpreso:
— Que linda caixa!
            Quando isto acontecia, repleta de satisfação ela perguntava:
— Adivinhe o que tem dentro dela?
            E assim ela contava e compartilhava com todos a história e o significado daquela caixa. Cada um reagia de uma maneira diferente. Houve muitos que chegaram a lhe fazer a seguinte pergunta:
— E se houvesse uma bomba dentro dela?
            Sabe o que ela respondia?

— Se houvesse uma bomba, ela teria estourado antes que eu pudesse abrir esta caixa.

sábado, 5 de abril de 2014

CRIATIVIDADE

“CRIE ATIVIDADE E LIBERTE-SE DO TÉDIO”



CRIATIVIDADE


            Criatividade é uma iguaria inédita, que você terá o prazer de preparar pela primeira vez. Se eu ensiná-lo, não estarei permitindo a você criar a sua própria receita. E tudo que é próprio da gente, nos faz sentir mais gente, grande gente. De gente grande nascem grandes ideias; das grandes ideias, grandes transformações; das grandes transformações, um mundo melhor para se viver.



CUSTO



            O preço maior a ser pago é o de ter que enfrentar a cara feia e críticas daquelas pessoas que não agradaram da sua receita. No entanto, o mais importante é agradar primeiro o seu paladar. Se isto acontecer, você só tem a lucrar pois,  além de satisfazer a si mesmo, estará também satisfazendo a todos que possuem um paladar semelhante ao seu.


TIRA GOSTO



MELHOR IDÉIA


INSPIRO
O DESEJO CÓSMICO,
EXPIRO
IDÉIAS NOVAS.
COMO PARTE INTEGRANTE
DESTE ORGANISMO CÓSMICO,
RESPIRO,
EVITO A ANÓXIA
QUE PARALIZA O POTENCIAL
DE UM UNIVERSO CHAMADO VIDA.
RESPIRO PROFUNDAMENTE,
OXIGENANDO COM ENERGIA CRIATIVA
TODO O MEU SER,
QUE, EM SEU ÚLTIMO SUSPIRO,
HÁ DE LANÇAR A IDÉIA
DE QUE VIVER
É A MELHOR DELAS.


INGREDIENTES


Muita confiança
Bastante ousadia


PREPARO



            Agora é com você. Eu bem que gostaria de provar da sua receita, pois adoro o sabor da confiança e da ousadia. Sei que estes ingredientes são estruturais para a composição de uma infinidade de pratos maravilhosos. Acho difícil esta mistura dar errada. Daí, boa sorte e bom apetite! Que o mundo possa provar de sua confiança e de sua ousadia.
            Esta receita eu não dito, eu apenas aguardo.



SOBREMESA



A DOR É SER SOLITÁRIO


            Houve uma época em que cada parte do ser humano vivia solitária a vagar pelo mundo, sem saber a sua razão de ser. O ser humano ainda não existia como um ser completo. Existiam apenas partes desintegradas e desconectadas, insatisfeitas com a sua insignificante condição existencial.
            Os olhos viviam olhando e admirando o mundo ao seu redor, mas mesmo enxergando tantos estímulos, viviam desestimulados com a sensação incômoda de inutilidade. Os ouvidos ouviam as mais belas melodias do cantarolar dos pássaros, do barulho das cachoeiras, do ruído do vento, enfim todos os mais diferenciados sons à sua volta. No entanto, mesmo envolto a tantos estímulos sonoros, sentia-se surdo por não conseguir dar significação a tudo que ouvia. O nariz inalava o aroma delicioso de todas as flores, inspirava os mais variados cheiros, mas ainda assim sentia-se incompleto e vazio. A boca experimentava o sabor de cada alimento que a natureza oferecia, beijava cada ser que a envolvia; no entanto, sentia fome de algo que não sabia o que. Os braços abraçavam todos os seres, mas sentiam-se soltos demais. As mãos tudo pegavam, mas não sabiam o que fazer com a matéria que apalpavam. Os órgãos sexuais, sempre estimulados, não sabiam o que fazer com tanto desejo preso e contido. As pernas caminhavam com dificuldade, sem saber que direção seguir. Os pés cheios de tropeços tentavam, em vão, pisar com firmeza no chão. O tronco, vazio de órgãos, sentia-se vazio sem ter o que abrigar. A cabeça vazia não pensava em nada. O cérebro pensava em tudo, mas, ainda assim, sentia-se um tolo, pois não encontrava razão para tanto pensamento. O coração, já cansado de tanto bater, encontrava mais razão para parar do que para continuar batendo. O pulmão se enchia de ar, mas vivia sufocado pela angústia da solidão. O pescoço girava para um lado e para outro parecendo uma piorra desgovernada. Os rins filtravam o tédio. O estômago vazio vivia roncando. O fígado, irritado com sua solidão, vivia se intoxicando. O pâncreas desenvolveu uma pancrealgia que o fazia doer por não saber a sua razão de ser. Os intestinos, sem ter o que prender ou soltar, se movimentavam num peristaltismo desgovernado. Enfim, cada órgão, que hoje trabalha harmonicamente, foi naquele momento contraindo a dor de ser desintegrado. Cada parte angustiada suplicava, em oração, seu lamento e seu pedido de socorro:
— A dor é ser solitário, desintegrado e desunido!
            Diante deste lamento doído nasceu a sentença “A DOR É SER” criando uma doença que urgia ser tratada. Ouvindo esta oração, Deus se viu diante de um problema que exigia uma rápida solução. Sabia que o melhor remédio para este problema só poderia ser oferecido pela sua valiosa assistente, chamada Criatividade. Sendo assim, o eco divino ordenou:
— Criatividade, vá ao mundo e crie uma atividade que faça sentido para aqueles seres.
            Atendendo a ordem divina, Criatividade chegou diante de cada parte como se estivesse diante de um grande quebra-cabeça e pensou:
— O que vou fazer com tudo isto? Cada um com um problema diferente...
            Pensativa, resolveu reverter a ordem do problema. Sabia que, para criar, precisava eliminar o pessimismo e pensar em soluções. Iluminada por esta nova ideia se corrigiu-se dizendo:
— Melhor afirmar — cada um com uma solução diferente! Com tantas soluções e diferenças, talvez seja interessante uni-los. O que vai dar esta união?
            Criatividade foi juntando as peças soltas pelo mundo sem saber ao certo no que daria os resultados daquela união. Sabia apenas que toda criação demandava ousadia. Suas obras sempre foram, a princípio, um grande mistério. Não foi diferente com esta. Sua ousadia resultou na formação de um grande mistério chamado homem.
Hoje, quando Deus olha para esta ousada obra de sua assistente Criatividade, fica às vezes confuso, sem saber se tudo isto resultou num grande problema ou numa grande solução para o mundo. Sabe apenas que, sendo filho da iluminada Criatividade, carrega com certeza seu gene da transformação.
            Se você for doutor e achar que esta obra anda meio adoentada, não cometa o erro de tentar tratar isoladamente o que sempre desejou funcionar junto para, enfim, conquistar o sentido de estar vivo. Seja, no mínimo, CRIATIVO.









quinta-feira, 6 de março de 2014

INFINITO

O INFINITO NÃO É APENAS UM PROFUNDO BURACO NEGRO QUE ABRIGA OS MISTÉRIOS, MAS TAMBÉM O ESPAÇO ILIMITADO DE LUZ ONDE RESIDE AS POSSIBILIDADES”



INFINITO



Trata-se de um prato complicado, pois parece nunca ficar pronto. Parece ser o mais complexo de todos, mas na verdade é o mais simples. Por ser simples, torna-se o mais complicado para aqueles cozinheiros que exigem terminar tudo que começam. É saboroso para os eu degustam processo e indigesto para os esfomeados de resultados.



CUSTO


Pagam-se o preço da frustração para aqueles que concentram a atenção apenas no produto final da receita; e o preço da satisfação para quem concentra a atenção na execução de cada fase, vivendo o inusitado prazer de descobrir a magia contida em cada gesto e em cada ingrediente que, combinados, produzem transformações constantes, interessantes e infinitas.



TIRA GOSTO



FINAL MENTE


QUANDO CHEGUEI AO FIM
FINALMENTE CONCLUÍ
QUE NADA TERMINA
TERMINANDO APENAS
A MINHA CRENÇA
NO TÉRMINO DAS COISAS.


QUANDO CHEGUEI AO FIM
ADENTREI-ME NUM NOVO COMEÇO
QUE DE COMEÇO NADA TINHA,
APENAS CONTINUIDADE,
ACENTUANDO CONTINUAMENTE
AS MINHAS INFINITAS INDAGAÇÕES.


QUANDO CHEGUEI AO FIM,
VI O FIM AGARRADO AO COMEÇO,
O COMEÇO AGARRADO AO FIM
E, SEM SABER QUEM ERA UM E OUTRO,
AGARREI-ME AO INFINITO
SOLTANDO-ME FINALMENTE.


QUANDO CHEGUEI AO FIM
DESCOBRI,
QUE O FINAL MENTE
RESTANDO,
CONTÍNUA MENTE,
INFINITA MENTE.



INGREDIENTES



Consciência de eternidade



MODO DE PREPARAR


       
        Despeje no caldeirão de sua existência, em meio o fluído da vida, uma porção de consciência de eternidade e vá mexendo, mexendo, mexendo, continuadamente. Vá observando as transformações que ocorrerão ao longo deste preparo e vá saboreando, ao longo de todo o processo, o sabor de cada transformação ocorrida. A grande magia desta porção é que durante o seu preparo ela estará sempre pronta para ser saboreada com prazer; e à medida que seu conteúdo vai sendo mexido,  adquirindo prontidão para ser um pouco mais aprimorada. Diante desta diversidade de sabores encontrados, você jamais conseguirá se apegar a um só, criando uma grande disposição para mexer e remexer incessantemente. Nesta ação constante, descobrirá que uma receita sempre dá origem à outra, evitando que seu o paladar viva o tédio de limitar-se apenas a um sabor.
        Mexer continuadamente evita que o caldo fluído da vida se empelote ou endureça agarrando no fundo da panela. A sua disposição para remexer permite que novos sabores possam ser originados a partir de um antigo. Isto aumenta a possibilidade de tornar-se uma pessoa cada vez mais nutrida por experiências saborosas. Prove todas elas e bom apetite!



SOBREMESA



A MATEMÁTICA DOS SENTIMENTOS


         Em algum lugar, na matriz da vida, viveu por nove meses, tempo relativamente curto, um ser formado graças à junção de outros dois que, separados estariam fadados à morte e juntos ao crescimento. Unidos, tornaram-se um só revertendo a exata operação matemática 1+ 1 = 2  para 1+ 1 = 1. Nesta relatividade matemática e num movimento constante de expansão e evolução, instaurou-se neste ser a consciência de conjunto. Ser um conjunto vazio, unitário, finito ou infinito? Eis a questão a ser vivida e compreendida pelo novo ser em desenvolvimento contínuo. Num primeiro momento, preferiu não pensar nisto. O ventre acolhedor onde vivia lhe parecia perfeito. Desta forma, qual a razão para quebrar a cabeça? A sensação de completude, a consciência de união e de expansão sempre presente, geravam o combustível para continuar a sua jornada por uma trilha chamada Vida, cujo princípio se baseava inicialmente num nirvana total, caracterizado por uma operação cuja adição de prazeres multiplicava o encanto de viver. No entanto, repentinamente, o mundo se transformou,  impondo a dolorosa operação de subtração. Foi jogado num universo novo onde experimentou pela primeira vez o sofrimento e a dor. Sentiu-se dividido. A dor chegou lhe arrancando algo que, ilusoriamente, pensava fazer parte de si: o mundo acolhedor que vivia.
         Sendo parido, a sensação de completude e plenitude dissipou-se. Teve um desejo enorme de resolver uma operação irreversível voltando ao tempo; no entanto, este parecia determinado a seguir sempre em frente. Começou a perceber, lentamente, que era parte de um mundo e não o contrário, ou seja, que não era o  mundo parte de si. O poder de sentir-se auto-suficiente se transformou em fragilidade. A suficiência deixou de ser um atributo seu, deveria, agora, busca-la em algum lugar deste novo mundo onde fora jogado sem a sua vontade. Percebeu que a sua vontade não era tudo, que as coisas aconteciam independente dela.
         Perdido, cheio de dor e fragilidade, foi caminhando por um bom tempo pela estrada chamada Vida, onde deparou na primeira encruzilhada, com uma entidade nova e interessante. Perguntou o seu nome e ela respondeu:
— Eu me chamo Ilusão.
Surpreso com a beleza da mesma, empreendeu, curioso, uma nova pergunta:
— Você está a serviço de quem?
— Estou a serviço de todos. Respondeu Ilusão.
— A meu serviço também?
— A serviço de todos que não aceitam esta estrada tortuosa chamada Vida tal qual ela é. Esclareceu Ilusão.
— Me explique melhor.
— Aos seres inconformados, poderei trazer de volta tudo que ficou perdido. Elucidou Ilusão.
         Ditas estas palavras, apareceu um outro ser em forma de luz, com um semblante confortador, que o pegou no colo e o embalou tranquilamente. Sem saber ao certo o que estava acontecendo, perguntou confuso:
— E você, quem é?
         Não obteve resposta alguma. Aquele ser se limitava serenamente a embalá-lo. A sensação de conforto experimentada naquele momento mágico lhe trouxe a lembrança do mundo perdido onde tudo parecia ser perfeito e completo. Ilusão, querendo lhe confortar ainda mais lhe disse:
— O ser que te embala se chama Esperança. Ela o confortará até você se encontrar com tudo que foi perdido e se sentir inteiro novamente.
— Quando eu resgatar o que perdi ela me deixará? Perguntou receoso.
— Ela não o deixará. Você é que não precisará mais dela, pois ao encontrar seu elo perdido será novamente auto-suficiente e não sentirá mais a dor da necessidade e do desejo. Garantiu-lhe a Ilusão.
— Seria maravilhoso, pois é muito difícil conviver com a Necessidade e com o Desejo. Eles estão sempre esfomeados, me solicitando coisas que nem sempre  tenho para lhes oferecer. Nesta cobrança incessante, acabei tendo que conhecer uma tal de Frustração. Não fui com a cara dela. Sinto-me mal perto dela, mas ela parece não se mancar e permanece presente, mesmo quando me esforço ao máximo para afastá-la.
Ilusão, rapidamente, lhe propôs uma solução para este desconforto:
— Se me levares sempre contigo, jamais terá que suportar a chata da Frustração. Nós duas não combinamos. Ela jamais se aproximará de você ao perceber a minha presença.
         Diante deste convite irrecusável de não ter mais que suportar a inconveniente Frustração, o frágil ser deu as mãos para Ilusão e continuou a sua caminhada. Quanto mais apertava a sua mão, mais protegido se sentia. A cada passo que dava, Ilusão lhe assegurava que na próxima encruzilhada encontraria tudo que fôra perdido. Sem perceber, o tempo passou rapidamente, quando inesperadamente deparou-se com um ser bem parecido consigo. Foi um encontro emocionante. Os dois se entreolharam. Que estranha sensação! Eram parecidos e diferentes ao mesmo tempo. Conseguiram, com reciprocidade, ver no outro o saudoso mundo perdido e tudo aquilo que não mais lhes pertencia parecia estar no outro. Perplexos se indagaram:
— Você tem o que preciso. Como posso resgatar tudo que vejo em você?
Satisfeita, Ilusão sussurrou-lhes ao ouvido:
— Prometi-lhes o resgate de tudo que foi perdido. Aqui está o elo perdido, a parte que lhes falta.  Apropriem-se dela e estarão definitivamente completos e em condições de viverem com a plena e eterna Felicidade. Partirei, mas deixarei com vocês a minha mais perfeita obra. Enquanto estiverem acompanhados por ela, jamais se sentirão frágeis ou tristes.
         Naquele momento foi concebida a união e a fusão daqueles dois seres que pareciam se completar. Juntos, pareciam ser um só todo indivisível. Iniciou-se neste momento a gestação de um conjunto unitário e a intrigante operação matemática 1 + 1 = 1, possibilitando à Ilusão parir, orgulhosamente, a maravilhosa obra que serviria de companhia para os mesmos. Ficaram surpresos e alucinados com o nascimento de uma nova obra que se exprimia através de uma onda de calor que parecia um fogo a queimar todas as insatisfações, cuja combustão se transformava em prazer. Querendo conhecê-la melhor, perguntaram rapidamente a sua identidade e obtiveram a seguinte resposta:
— Meu nome verdadeiro é Paixão, mas as pessoas gostam mesmo de me chamar de Amor. Amor passou a ser o apelido que encarnei e chego a me esquecer de quem sou realmente.
         Aquecidos pelo calor da Paixão, sentiam-se cada vez mais unidos e completos. Sem saber ao certo como identificar e nomear aquele novo ser que os acolhia, perguntaram:
— Como você gostaria de ser chamada?
— Depende apenas de vocês. Se me chamarem de Amor se sentir-se-ão mais seguros. Respondeu com astúcia, a Paixão.
— Assim seja! Você é o amor que nos acompanhará para sempre. Juntos, seremos uma fortaleza. Encontraremos a Felicidade e nada neste mundo poderá nos entristecer. Queremos apenas viver esta plenitude. Encontramos a parte perdida, não há nada que possa nos separar. Somos perfeitos um para o outro. Falaram, entusiasmados, os dois seres entorpecidos pela paixão.
         Viveram assim por um bom tempo, viciados um no outro. Qualquer separação, mínima que fosse, gerava um desconforto semelhante à síndrome de abstinência experimentada por usuários de drogas. Diante de qualquer desconforto, tratavam de se fundirem rapidamente e a dor desaparecia. Isto aumentava cada vez mais a dependência e a certeza de quanto um era necessário e a parte fundamental do outro. Eles se bastavam. O mundo ao redor já não era tão importante, pelo contrário, dependendo da situação, chegava a atrapalhar. Não havia espaço para outros integrantes num conjunto unitário. Foi assim que começaram a viver os seus primeiros conflitos. Alienados um no outro a dor desaparecia. “Dizem, inclusive, que os alienados sofrem menos, talvez por estarem fundidos numa coisa só”. Quando dirigiam a mínima atenção ao redor, a dor voltava. Quanto maior a atenção às coisas de fora, maior o sofrimento. Sendo assim, tornou-se necessário formar um pacto que pudesse evitar esta dor. Combinaram:
— Olharemos apenas um para o outro e seremos a única coisa que realmente dá sentido à vida. Nada poderá ser mais importante ou mais interessante do que nós mesmos. Nos bastamos!
Apesar de todos os esforços, apareceu um novo ser extremamente sedutor , chamada Curiosidade, que passou a ser uma verdadeira tentação. Curiosidade parecia saber pronunciar apenas uma palavra, mas de tanto repeti-la foi criando um novo vício. Parecia uma tentação renunciar aos apelos de Curiosidade que provocava incessantemente:
— Olhe!
         O desejo de olhar era bem maior que o pacto firmado. Sendo assim, mesmo às escondidas,  começaram a dirigir o olhar para outras coisas que não fossem eles mesmos. Começaram a comparar o mundo estabelecido por eles com aquele inusitado mundo novo. O sinal de igualdade se transformou em sinal de diferença. Tinha sempre um ser diferente para desencadear dentro deles uma desconfortável comparação. Diante da mesma, apareceu a Inferioridade que os atormentava dizendo:
— Ele é melhor; você vale menos!
Vivendo este drama e um desgastante complexo de inferioridade, surgiu repentinamente um casal que parecia se dar muito bem. O nome deles era Ciúme e Inveja.  Ciúme dizia com convicção que apenas aqueles que amavam seriam capazes de acolhê-lo em seu coração e que seria sempre uma injustiça qualquer um deles ser feliz sem que o outro pudesse estar por perto para compartilhar esta felicidade. Sendo assim, estabeleceram mais um pacto, impedindo que a Felicidade pudesse visita-los sem que o outro também estivesse presente para recebê-la. E a Inveja, parceira do Ciúme, sempre colaborava com o mesmo, tratando de depreciar e desejar o mal a todos aqueles que tinham tido a aparente sorte de estarem mais feliz do que eles. Acompanhados por estes dois parceiros inseparáveis, começaram a sentir um novo prazer na vida, que residia em contemplar a infelicidade do outro.  Diante deste novo prazer, surgiu um censor chamado Culpa, que os advertia severamente:
— Cuidado com o inferno!
O mundo pareceu repentinamente ter virado de cabeça para baixo. Por mais  esforços que faziam não conseguiam mais vivenciar a plenitude do passado e do tão sonhado paraíso. Acompanhados pela Culpa, sentiam-se mal e não sabiam como afasta-la. Ela se tornava cada vez mais forte, principalmente quando tentavam explorar terrenos proibidos pelo pacto proposto. Seduzidos pela Curiosidade e conscientes de que estavam a todo o momento quebrando-o começaram a pensar na possibilidade do parceiro estar fazendo o mesmo. Numa tentativa de controlar a situação, resolveram firmar um outro acordo, ainda mais rígido e forte:
— De hoje em diante não seremos apenas a parte que completa o outro, tornaremos, também, a sua mais valiosa propriedade privada.
Ter um dono e ser ao mesmo tempo dono de alguém trazia de volta a Ilusão, que lhes dizia enfaticamente:
— Aquilo que é nosso ninguém toma e ninguém tem direito de se apropriar!
         Ilusão era maravilhosa. Chegava sempre no momento certo, com uma solução mágica que afastava as dores e inseguranças. Tinha sempre um discurso perfeito, sabia como ninguém transformar pau em pedra. Estavam salvos, não perderiam mais aquela parte perdida no passado e reencontrada com tanta dificuldade. O controle passou a ser a maior arma que possuíam. Queriam saber de tudo que se passava na vida do outro, não por interesse, mas por mera fiscalização. Dizer, obsessivamente, para si mesmo — “Ele é meu e eu sou dele” — ajudava a manter o controle da situação. No entanto, viver assim trouxe uma visita indesejável chamada Estresse. Não há ninguém que consiga se manter relaxado tendo que controlar o tempo todo uma situação que parece não ter controle. Inicialmente, até suportavam bem o tal do Estresse, pois no fundo era por uma boa causa. A maior demanda era o controle. Sem perceberem, o Estresse foi lentamente lhes minando todas as energias e causando-lhes um novo problema. Já não sentiam tanto prazer ao ficarem juntos.  Nada parecia ter muita graça. O encanto foi substituído pelo enfado. Tornaram-se cansados de si, cansados do outro e da própria vida. Apesar de terem consciência desta nova situação, não deixavam de repisar para si mesmo:
— O Amor vai nos salvar novamente e repelir todas as nossas dores.
         No entanto, o amor parecia ter lhes abandonado.  Antes tivera a capacidade de abrandar-lhes  todas as dores, incutindo em cada um a sensação de plenitude; agora  já não fazia isto mais. Onde estaria o Amor? Antes que pudessem pensar definitivamente que o mesmo os tivesse desamparado, Ilusão apareceu com um discurso novo, que os confortou novamente:
— O Amor suporta tudo, até mesmo as piores dores. Continuem vivendo as dores do controle e se manterão unidos para sempre.
Seguiam os conselhos de Ilusão, mas chegava sempre o momento que este discurso parecia ficar vago e impreciso. Foi num momento destes que conheceram um novo ser chamado Dúvida. Dúvida não esclarecia nada, apenas fazia perguntas e mais perguntas. Quase enlouqueceram diante de tantas indagações. Eram perguntas sem respostas; respostas que geravam novas perguntas. Perderam-se no meio de tantas divagações. Queriam soluções e não a companhia de seres parecidos com a Dúvida, que só traziam insatisfações. Um deles era a Incerteza que parecia um gramofone repetindo sempre:
— Será?
Com tanto será começaram a se perguntar:
— Será que conseguiremos viver assim para sempre?
         Chegaram à conclusão que seria insuportável levar uma vida assim. Deveriam criar soluções e novas estratégias de combate. A vida parecia uma guerra, não poderiam ser combatidos e perder tudo que haviam conquistado. Perder equivaleria a se tornar um conjunto vazio e incompleto. Precisavam adicionar à vida algo novo, mas não sabiam ainda o quê. O desejo ardente de encontrar rapidamente uma solução fez com que se deparassem com uma tal de Ansiedade, que proferia sempre com muita pressa, uma única palavra:
— Rápido!
         Ordenados por Ansiedade, iniciaram uma corrida em alta velocidade pelas estradas da Vida. Nesta correria não prestavam atenção em coisa alguma. Tudo passava como um flash e com a mais intocável superficialidade. Aprofundar era perda de tempo. Sabiam que não podiam perder nada, nem tampouco o precioso tempo. Queriam segurá-lo, mas o tempo não parava. Sentindo-se incapacitados para lidar com o tempo presente, criaram, com a ajuda de uma nova especialista chamada Preocupação, uma ocupação nova. Ocupar-se apenas do futuro talvez enganasse a Frustração, que tentava assola-los no presente. Fixar no pensamento e deixar de agir tornou-se a mais nobre dedicação. De posse de bons pensamentos, conseguiam criar um futuro razoável e a posse de pensamentos negativos gerava um futuro nocivo. Era difícil manter o controle dos pensamentos, mas já estavam acostumados a controlar. Apesar das dificuldades e com excessivo esforço, conseguiam aprisionar os maus pensamentos no porão da mente. Frequentemente, tinham que enfrentar a rebelião dos mesmos, mas já estavam se acostumando com rebeliões e guerras, pois a vida tinha se tornado um grande combate. Sempre atentos a possíveis combates, adotaram uma postura defensiva permanente que gerou gradativamente uma paranoia mútua. Tudo começou a ser percebido como uma ameaça e, sem se darem conta, começaram a se sentir ameaçados um pelo outro. Diante de tantas fantasias ameaçadoras, iniciaram também maciços ataques contra aquele ser que era, anteriormente, o seu mais valioso tesouro. Encontraram através desta conduta bélica um aliado, que dizia sempre ser a mais forte arma para vencer uma guerra. Este aliado se chamava Raiva e tinha uma força tão grande quanto o suposto Amor, que julgavam ter conhecido um dia. Raiva enfatizava colérica:
— Se não quiseres perder é necessário vencer o outro com uma cara bem feia, ameaças, manipulações e punições constantes. As pessoas temem estas armas e recuam. Briguem por tudo que desejam!
         Para não perder a parte conquistada, passaram a adotar a estratégia da Raiva.  Perceberam que era um bom mecanismo de controle. Brigar passou a ser uma forma de comunhão. Aprenderam a comungar discórdias e desavenças. Conseguiam se manter juntos, mas começaram a ter uma sensação de estarem cada vez mais distantes. Viveram isto um bom tempo até que conheceram a Indiferença que, de certa forma, trouxe um certo alívio para tantos conflitos, pressões e controles. Indiferença falava com um ar desanimado:
— Não se ligue nisto! A grande solução na vida é não ligar para mais nada.
         Restava, agora, seguir os conselhos de Indiferença na esperança de afastar o sofrimento. De fato deixaram de sofrer, mas se tornaram seres completamente embotados. Não sentiam mais nada, nem desejos e nem mesmo a tão temida e insuportável frustração. Diante deste novo contexto, a Ilusão reapareceu, os abraçou para o resto de seus dias, emitindo um constante murmúrio:
— Agora vocês encontraram finalmente o paraíso. Nesta total ausência de dor, não há mais nada o que buscar. Eis a plenitude que tanto desejaram!
            O conjunto unitário se transformou em conjunto vazio, dando fim à trágica história de duas vidas completamente diferentes que se julgavam uma só; de dois seres inteiros, que se julgavam uma fração, principalmente uma fração do outro.
             Em algum lugar, um conselho formado por seres muito sábios, que não tiveram lugar nesta história, mas que tentaram  avaliar esta trágica opção de vida, comentavam entre si:
— Por que será que eles não quiseram a minha companhia? Perguntou o Amor.
— Em corações partidos não há espaço para você, que só cabe em corações que, mesmo machucados e doloridos, conseguem se manter inteiros. Respondeu a Felicidade.
— Com isso, você também não pôde se manifestar na vida deles. O máximo que conseguiram foi confundir a euforia com você, assim como confundiram a astuciosa paixão comigo. Ponderou o Amor.
— Foram tantas as guerras e os combates para preservar o que, na verdade, nunca conquistaram, que nunca consegui me aproximar deles. Lamentou a Paz.
— Tudo isso porque se apegaram a tudo que não deveriam se apegar nesta vida. Continuou o Desapego.
— A quê? Perguntaram todos numa só voz.
Sabedoria, como presidente deste conselho, concluiu:
— Não devemos nos apegar a uma única ideia nesta vida, principalmente quando ela nos limita. Na matemática, 1 é igual a 1 (1=1), mas na relativa matemática da vida 1 será sempre diferente de 1. Não há nenhum ser igual ao outro. Esta mesma exata ciência nos diz que meio mais meio é igual a um (1/2 + ½ = 1). No entanto, a ciência inexata da Vida afirma que a união de duas metades sempre gera duas metades, ou seja, duas meias pessoas. Pensar que poderemos concluir alguma coisa ou nos completar é uma maneira limitada de enxergar a vida. Estamos completamente engajados no infinito. O máximo que conseguiremos é eternamente acrescentar algo ao nosso ser ilimitado. A parte que nos completa é o próprio universo. Se somos parte de alguma coisa, somos parte dele. Como ele é infinito, infinitas serão as nossas possibilidades. Acho que o maior dilema do ser humano é, na verdade, a maior benção que recebeu.
— Qual? Perguntaram novamente.
— Ter sido incluído no conjunto infinito, cuja regra básica é o constante crescimento.

Terminada a reunião, cada um seguiu o seu caminho procurando uma alma que pudesse acolhê-los.